Quando assisto e acompanho este movimento das redes sociais a culminar num posição de afirmação e pretexto dia 12 de Março, em diferentes cidades do país, simultaneamente tenho vindo a fazer as minhas análises ao contexto nacional das últimas décadas, e chego sempre à mesma conclusão.
O que está em causa aqui entre nós é uma questão de eficiência e de rentabilização de recursos escassos face às múltiplas necessidades a satisfazer, de forma equitativa numa qualquer sociedade.
Sim, porque mesmo numa sociedade com muito petróleo ou metais preciosos, se este princípio básico da economia não funcionar teremos sempre “lutas”, “geracionais”, sociais, políticas, etc. O mundo tem-no-lo mostrado abundantemente com exemplos bem visíveis.
Um país, um governo é como uma família. Deveria ser sempre a família bem estruturada o exemplo a seguir de forma hierárquica na organização da sociedade. Se assim fosse tudo corria menos mal. Mas, tal como numa família, se não houver uma boa organização, uma boa rentabilização e distribuição dos recursos, se não for feita constantemente a lista das prioridades e se não houver um controlo eficaz da execução dessas regras a família mais tarde ou mais cedo endivida-se, descontrola-se, discute, e perde o respeito entre os seus membros e na própria vizinhança.
Se fizermos esse exercício saudável de retrospecção, verificamos que, a organização administrativa da nação não funcionou sempre com racionalidade. A harmonia entre os membros da família política nunca funcionou de forma saudável. Falam mas não se ouvem, de forma tolerante.(Viver em democracia deve ser algo bem mais construtivo). Digo eu!
Os recursos não foram devidamente rentabilizados, distribuídos, controlados. As necessidades a todos os níveis da oferta e da procura não foram jamais racionalizadas.
Não se teve em devida conta a nossa dimensão económica, gastando o que não tínhamos.
Esquecendo que os subsídios vindos da CEE, eram para pagar
Olhemos para a educação, foi um fartar de abrir estabelecimentos de ensino superior para todas as saídas e entradas…!
Os investimentos em obras públicas tem sido outra área sem adequação, proporcionalidade e objectividade a curto e mesmo a longo prazo, isto é, a sua sustentabilidade nunca foi problema, mas vai ser! Viaja-se pelos país dentro e vemos muitas estradas, concorrentes, paralelas, que nos conduzem ao interior com algum conforto e rapidez, mas o que encontramos, edifícios, multiusos (é moda) ; instalações gigantes que nos questionamos para que servem além dos postos de trabalho que deram aquando da sua construção. Vamos até lá ver o que têm no seu interior e encontramos na sua maioria estruturas montadas desaproveitadas. Quanto investimento desperdiçado! Como conservá-lo?
Na saúde, quantos edifícios construídos e fechados já, porque, dizem os governantes, não se justifica a sua abertura; hospitais, em certas zonas por m2 e habitante que terão um prazo para se manter abertos porque não são rentáveis.
Nem falo mais de coisas obvias a qualquer mortal, à excepção dos responsáveis por esta ineficácia gestionária que terão sempre um boa justificação para construir, abrir e fechar….!
Na área social foi a subsídiomania que criou um espírito de que o estado tem um fundo inesgotável, que vem da árvore das patacas e que se pode pedir a pretexto de tudo. Depois faltou, falta e faltará para quem justificadamente precise.
Mas que tem tudo isto a ver com a manifestação de dia 12? Tem tudo! Eles tem razão de se manifestar e reivindicar saídas de emprego para os seus cursos. Afinal foram-lhes facultados pelo sistema. Até encontramos em programas eleitorais listas de promessas, nunca cumpridas, por utópicas…! É fácil prometer!
Em vez de uma orientação profissional que só tardiamente apareceu nas reformas educativas destas três décadas, deram- lhes licenciaturas sem correspondência prática e, mesmo que não tivesse surgido esta recessão com diminuição de postos de trabalho, nunca existiria em quantidade empregos correspondentes. Sé é que existem nalguma sociedade!!!
Mas atenção, nós os estudantes, os candidatos a emprego também temos a nossa parte na construção de uma solução melhor. Além de manifestarmos o nosso descontentamento, além de nos lançarmos geracionalmente uns contra os outros, fazendo o jogo dos “quanto mais confusão melhor”, devemos analisar bem a envolvente social, política económica no contexto histórico, em especial do último século. Talvez até seja necessário começar um novo ciclo de governabilidade. Compete a todos nós ajudar a que o país encontre o seu caminho.
Dizendo-o de forma explicita consciente e responsável na rua é uma forma. Porém tendo na base esta reflexão que aqui deixo como contributo de quem começou a trabalhar cedo (trabalhando e estudando) e nunca desistiu de lutar pelos seus objectivos com muito esforço e apelo “às bases”.
É que todos nós somos fruto de uma educação e uma cultura de berço, quer queiramos quer não. A família foi, é e continua a ser o alicerce da nossa construção humana a partir da qual somos e seremos o que dela absorvermos .
É que, quando não há uma saída ideal, à partida, procura-se no trajecto encontrá-la, com lutas, mas com imaginação também.
Salvo os cursos muito específicos, todos os cursos devem funcionar como um acerbo de ferramentas que podemos e devemos manipular face à oferta concreta de emprego. Um diploma é um meio não um fim.
É que, um emprego tem várias vertentes todas concorrentes; trabalho, adaptação, produtividade, remuneração, qualificação progressão.
Nenhum edifício é começado pelo telhado.
Desejo profundamente que encontrem o vosso caminho e justo!
Fiz a minha parte e ainda fço,assim sejabem aproveitado por quem de direito!
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