DANÇAS DA NOITE E DA MADRUGADA...! AS NOITTES DE ESTIO
Nas noites límpidas de estio, outros rituais preenchiam a vida na aldeia agora mais intensa, porque o dia acabava noite dentro.
De eira em eira, descamisava-se o milho em entreajuda de vizinhança. Havia cantigas ao desafio, ouviam-se histórias e anedotas e proezas dos rapazes que queriam impressionar as moçoilas. Entre os mais novos pairava a ansiedade de encontrar uma espiga preta ou “espiga de abraço” um pretexto para uma aproximação mais brejeira, às moçoilas. Às vezes havia bailarico.
Normalmente terminava-se com uma lição de astrologia dos mais antigos e todos ficavam olhos postos no firmamento até que a agueira (nevoeiro) começava a turbar-lhes a visão a anunciar a madrugada e cada qual se encaminhava para sua casa, dizendo: “Vamos à deita que o sono já espreita” , “até amanhã, se Deus quiser”. Bons sonhos, etc...
Depois, era o recolher e o apagar do fogo e das luzes e o convite a um sono repousante. Agora o subconsciente, repleto de imagens, de beleza e mistério, multiplicava-se em outras tantas fantasias,especialmente para os mais pequenos porque, os mais velhos, esses, de cansados, só algum pesadelo de ocorrências mais atribuladas do dia anterior, os impediria de apenas acordar ao cantar do galo, pouco depois....
Aos primeiros clarões da aurora ouvia-se os grupos de homens, ferramentas ao ombro, que partiam para mais um dia de faina.
Os mais pequenos eram acordados pelo chilrear da passarada que entoava Val - Cubas dentro, ou pelos guizos e o balir dos rebanhos que saíam pela serra para a primeira pastagem.(Irene Borges de "O Januário e a menina dos caracóis"
1 comentário:
DANÇAS DA NOITE E DA MADRUGADA...!
AS NOITTES DE ESTIO
Nas noites límpidas de estio, outros rituais preenchiam a vida na aldeia agora mais intensa, porque o dia acabava noite dentro.
De eira em eira, descamisava-se o milho em entreajuda de vizinhança. Havia cantigas ao desafio, ouviam-se histórias e anedotas e proezas dos rapazes que queriam impressionar as moçoilas. Entre os mais novos pairava a ansiedade de encontrar uma espiga preta ou “espiga de abraço” um pretexto para uma aproximação mais brejeira, às moçoilas. Às vezes havia bailarico.
Normalmente terminava-se com uma lição de astrologia dos mais antigos e todos ficavam olhos postos no firmamento até que a agueira (nevoeiro) começava a turbar-lhes a visão a anunciar a madrugada e cada qual se encaminhava para sua casa, dizendo: “Vamos à deita que o sono já espreita” , “até amanhã, se Deus quiser”. Bons sonhos, etc...
Depois, era o recolher e o apagar do fogo e das luzes e o convite a um sono repousante. Agora o subconsciente, repleto de imagens, de beleza e mistério, multiplicava-se em outras tantas fantasias,especialmente para os mais pequenos porque, os mais velhos, esses, de cansados, só algum pesadelo de ocorrências mais atribuladas do dia anterior, os impediria de apenas acordar ao cantar do galo, pouco depois....
Aos primeiros clarões da aurora ouvia-se os grupos de homens, ferramentas ao ombro, que partiam para mais um dia de faina.
Os mais pequenos eram acordados pelo chilrear da passarada que entoava Val - Cubas dentro, ou pelos guizos e o balir dos rebanhos que saíam pela serra para a primeira pastagem.(Irene Borges de "O Januário e a menina dos caracóis"
Enviar um comentário