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terça-feira, 8 de março de 2011

" O meu olhar de mulher!

DIA DA MULHER
Ao falar da Mulher,  seria em vão dizer o que quer que fosse, se não fosse sublinhado a sua intrínseca qualidade maternal que, realizando-a biológica ou afectivamente, lhe dá uma postura carismática que marca toda a sua vida e se reflecte em tudo o que faz dentro e fora do lar.

Mas, é difícil ao falar da mulher e não falar do homem, dada a sua íntima relação originária e porque ambos são os protagonistas, responsáveis pela continuação da espécie humana.
Pessoalmente, contei sempre com homens excepcionais pela minha vida fora.
Mas, há três homens que marcaram a minha vida de forma decisiva.:

 O meu pai que, se não bastasse ser meu pai, me ensinou a sonhar e a não desistir dos sonhos. Desde logo, quando terminei o ensino primário e me disse: não podes ir estudar agora mas hás-de fazê-lo quando tiveres idade, junto dos  irmãos mais velhos na capital.
O meu irmão Evaristo porque ele ajudou a realizar esse sonho,
apoiando-me em Lisboa, nos estudos e como um pai, um amigo, um confidente, encorajando-me sempre, como quem diz:
-« para a frente é o caminho».
O  meu marido, que tem  sido um grande companheiro um amigo de verdade que sempre me apoiou assumiu como seus os meus projectos. Quando perdemos o nosso filho, foi ele que me encorajou a regressar à Universidade.
Mas..!
Celebrando-se hoje o Dia Internacional da Mulher e é sobre a sua caminhada histórica na vida familiar, social e profissional que quero falar ainda que focada na minha própria experiência  de vida.
Historicamente, a Mulher teve sempre um papel muito particular, face à sua versatilidade e à sua capacidade de amar, que adoça tudo o que faz ou como disse alguém: “ a mulher  é o húmus da terra”. Essa capacidade foi marcando a sua participação  na vida quotidiana das civilizações.

Na história da Humanidade, verificamos que a sociedade humana se adaptou a sucessivas mudanças sociais, económicas e culturais, geradas pela evolução produtiva  de bens de subsistência assim como foi criando normas, e desenvolvendo valores e princípios que sustentam estas mudanças.
Desde as sociedades patriarcais, essencialmente agrícolas à mulher estava reservado o papel de conceber, criar e educar.

Todavia, a sua vida activa não se confinava a estes principais papéis porque, desde sempre, assumiu funções fora de casa, nomeadamente nas sociedades agrícolas. Aí, eram-lhe atribuídos trabalhos menos pesados, estes reservados ao homem, mais possante, o que seria uma forma de marcar a sua qualidade de protector da mulher mas, ao mesmo tempo, uma forma de marcar a sua autoridade.
Foi assim, genericamente, durante séculos.
Porém, no século XIX, com a Revolução Industrial, a nova
realidade da sociedade industrial, trás consigo a separação do
trabalho do mundo doméstico.
Aqui, nasce uma separação de tarefas, que, para a mulher, nunca seriam tão estanques.
A necessidade de mão de obra barata leva a mulher às fábricas  e, pior, as próprias crianças.

 Neste período, a mulher de protegida passa a enfrentar uma certa escravatura, trabalha em casa e na fábrica, gerando incompatibilidades.
Desde logo: a concorrência entre sexos nos postos de trabalho, a ausência da vida familiar, devido a horários de trabalho de 16 e mais horas diárias e, com tudo isso, conflitos que levam à desagregação da família.

Todavia, é neste contexto também, que a mulher toma consciência das suas capacidades e valor na sociedade, quando reivindica melhores condições de trabalho, de salários, bem como protecção na maternidade, exigindo creches e escolas para os filhos.

O Dia Internacional da Mulher, declarado oficialmente pela ONU nodia 8 de Março de 1975,
.pode dizer-se que teve a sua génese em  8/ Março de 1857, em função das manifestações de  revolta da mulher pela sua discriminação  sexual, tanto em salários como em condições de trabalho.
Mas é também esta sua entrada, nada acolhedora, no mundo do trabalho que funcionou, como alavanca para a sua consciencialização de que a sua participação na sociedade poderá ir mais alem, objectivo que não mais perdeu de vista.
                  Importa aqui referir duas datas
(I893, Nova Zelândia 1º país a garantir o sufrágio universal  feminino.
O sufrágio universal feminino em Portugal só foi alcançado a partir da Constituição de 1976.)

O século XX deu assim forma a esta nova cultura existencial da mulher, adquirindo mais direitos de igualdade perante o trabalho e fortalecendo direitos de cidadania ao lado do homem.

E lá vamos assistindo a essa caminhada, ombro a ombro, com muito ainda para fazer, no âmbito profissional e social. Afinal, homem e mulher são diferentes na sua natureza mas complementares na sua sobrevivência.

É ainda a história das civilizações que nos dá   infindáveis exemplos da polivalência da mulher da sua versatilidade, que vai colocando ao serviço da família e da sociedade em todos os sectores de actividade: na ciência, nas artes, na investigação, na vida social e empresarial, no Voluntariado, no campo ou na cidade.
Entretanto, é bom não esquecermos, de forma solidária, que a mesma história nos dá conhecimento que nem sempre, é reconhecido, a muitas mulheres, em certas paragens do mundo, os básicos direitos de ser humano quanto mais os direitos de igualdade, de oportunidade, a que muitas de nós já ascendemos. E também ainda hoje, nas civilizações ditas desenvolvidas, há abomináveis casos de violência, doméstica, levada aos extremos.
A caminhada continua. É preciso não desistir de proteger e fortalecer a Instituição Família  e, assim, a mulher.

 Fazendo uma retrospectiva á minha existência eu nasci numa família nuclear, numa sociedade basicamente agrícola, com o pai, chefe da família, e era protector e responsável pela sobrevivência do agregado familiar. A educação partilhada, até pelos filhos mais velhos, tinha maior pendor para a mãe, que o fazia com autoridade e rigor.
A minha mãe era muito exigente connosco, e muito perfeccionista nas tarefas de casa ou do campo e na nossa forma de estar.
As regras eram mesmo para cumprir.
Enquanto eu esperava pela maioridade todo o meu tempo foi aproveitado. A minha mãe mandou-me aprender costura e bordados. Ainda há dias estive com os meus diplomas na mão p.e. encontrei o meu diploma do curso da Oliva orientado pela Da. Etelvina Lopes Paiva.
Eu tinha 11-12 anos, o meu Zé, já assalariado, pagava a conta das agulha e tecido na loja do tio João Henriques ao Domingo, e que conta…Para terem uma ideia gastei sete metros para fazer uma camisa ao pai Borges. Foi uma verdadeira odisseia. Depois, tive que rentabilizar o investimento cozendo e bordando em casa e na vizinhança.
Aprendi com a minha mãe a aproveitar bem o tempo e tudo o mais…:))
Nessa espera fiz o Curso de Guarda Livros por correspondência em que meu irmão me inscrevera, em Lisboa e dele fiz bom uso, mais tarde.
Mesmo depois na capital, enquanto fazia o liceu, fiz formação na escola hoteleira. Fazia a minha roupa e da família à minha volta.
Feito o liceu fui trabalhar na Administração pública, continuando a estudar.
Casei-me e interrompi os estudos que retomei mais tarde e
assim fiz a minha carreira conciliada com a vida familiar e  com outras actividades de acção social na paróquia onde estava inserida.
Sempre gostei de escrever, opinião, crónicas contos que fui publicando em jornais e na internete, até que  comecei a editar.
Pintura e azulejo (a casa de família lá nas raízes tem patentes os meus azulejos, todos com uma história ) tem sido também uma das minhas actividades mais lúdicas, principalmente, depois de aposentada
Não consigo estar desocupada.
Nisto…..!
Já passei por três gerações com diferenças entre si, e bem sabemos como a segunda metade do século passado foi de aceleradas alterações na sociedade, particularmente para a afirmação da mulher.
 Registo, contudo, e como dado adquirido, que a minha integração em todas elas se deve a um passar de testemunho dos meus progenitores, testemunho de valores, princípios e orientações adquiridas, desde o berço, que nunca passam de moda e que ainda hoje  são pilares que norteiam todas as minhas decisões, posturas, procuras, nas mais pequenas realidades.

Afinal, a vida é uma sequência lógica e nada de novo acrescento à sabedoria popular que diz: “ nenhuma casa é iniciada pelo telhado.

Ouve-se dizer constantemente que os tempos são outros, que esta é uma sociedade mais livre mais informada mais aberta.

Não posso estar mais de acordo com estas proposições, porém:

- Só serão tempos de mais liberdade se forem tempos vividos com verdade, responsabilidade, pelo que fazemos, em relação a terceiros e a nós próprios.

- Só será uma sociedade mais informada se a informação gerar esclarecimento, preparação e prevenção para a vida

-Só pode ser uma sociedade mais aberta se o for em proveito da elevação da pessoa humana.

Fala-se muito das conquistas da mulher. Certamente!. Mas nada de novo…!
É tudo uma questão de identificar os dons que temos dentro de nós e colocá-los a render, com disponibilidade, com planificação, com oportunidade, em função da realidade de cada qual e em cada momento.
- É muito gratificante, olhar para trás e não ver espaços por preencher.
- É importante ter como lema ir mais além mas procurando sempre ser feliz com o que se tem.
- É fundamental a envolvente familiar.
- É Importante a envolvente institucional como o prova este
evento hoje aqui em que todos vós, em união com a Câmara de Figueiró dos Vinhos, carinhosamente me acolheram.

E é por isso, que eu gostaria muito de partilhar este dia, tão especial, com todas as mulheres que lutam pela sua dignidade e valorização: como mães, como profissionais, executivas ou liberais,  como solidárias com o próximo: as Mulheres de Arega , de Figueiró dos Vinhos, de Portugal, do Mundo.
Finalmente:

Agradeço a todos vós aqui presentes e a quém não pode e gostaria de aqui estar.
(hoje dia 8 de Março de 2010 nas comemorações do DIM nas minhas raízes)

1 comentário:

Maic disse...

Reiterando o meu olhar de mulher desejo a todas as mulheres do mundo muita paz e tranquilidade e a todos que para isso contribuírem.